Algumas considerações:
Espiritualidade: “spiritus” = sopro, respiro, princípio de vida, presença, movimento, ardor, valores fundamentais ou conjunto de valores que inspiram atitudes e sentimentos para com Deus e para com o próximo; modo típico de viver o evangelho, de caminhar em direção a Deus; resposta humana à iniciativa divina; realidade que se pode assimilar e transmitir, porque depende sobretudo da cooperação com a graça; experiência de fé vivida com fidelidade ao hoje, aculturada, da qual deriva uma mudança visível nos comportamentos
A palavra espiritualidade deriva da palavra Espírito. Sopro. RUAH. Na Bíblia é palavra feminina. Espírito é vida. È o sopro de Deus em nós que nos faz viver.
Cultivar a espiritualidade ajuda o ser humano a responder à pergunta fundamental: afinal, quem sou eu? – Quem somos nós?
Viver a espiritualidade é deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus que habita no mais profundo de nosso ser. Somos “templos de Deus”! Contemplar é guardar este templo como o lugar sagrado por excelência. Lugar de nossa identidade. Aí está gravada a resposta à pergunta fundamental: – Quem sou eu?
Espiritualidade não tem adjetivo… porém, quando queremos falar de um modo particular de viver a relação com Deus, costumamos acrescentar alguma especificação. Em nosso caso, falamos de espiritualidade do coração de Jesus.
Em sentido comum, o termo coração é usado para se falar de afeto, emoção, carinho, afago, enfim, modos de expressão dos sentimentos que cultivamos por uma pessoa. “Amo-te de todo o meu coração”. “Meu coração está azul por você!” “Meu coração está apaixonado!” O coração exprime toda a riqueza espiritual, não somente o amor; é a fonte da vida, das idéias, dos sonhos, dos projetos, das atitudes e das decisões.
Quando nos referimos a Jesus, o Filho de Deus feito um de nós, e usamos o coração como símbolo e imagem, estamos expressando em linguagem figurada, antropomórfica, que Deus é bom e que nutre sentimentos de ternura por nós, que somos amados, amadas por Ele. E isto é fundamental na fé cristã. O cristão crê que Deus é Amor, que Ele vem a nós pessoalmente e ama a cada ser humano de modo único e gratuito.
Nossas experiências de amor estão sempre de alguma forma ligadas ao “merecer”. Se obedeço a meus pais, posso ter certeza de que terei o carinho deles. Se faço o que a professora solicita, sou considerada uma boa aluna…
O modo como Deus nos ama é diametralmente oposto: em primeiro lugar, seu amor é gratuito. Não preciso fazer nada para ser amado, amada. Deus me ama e está acabado. Crer no amor gratuito de Deus por mim, assim como sou, sem necessidade de ter que ser outra pessoa é o princípio da paz interior e da integração da personalidade. A partir desta experiência, a vida assume o seu verdadeiro sentido. E somos capazes de dizer a nós mesmos quem somos. Passamos a acreditar em nós…a acreditar nos outros, a crer em Deus.
O saber-se amado/a pessoalmente pelo Deus da Vida, dá sentido ao nosso viver, sofrer e morrer. Enche de sentido as relações humanas. Capacita-nos sempre de novo ao perdão. Aos poucos também o nosso amor por Jesus e pelas pessoas que conosco convivem se torna mais gratuito. Nossos gestos, atitudes e comportamentos vão se tornando expressão do modo de ser e de proceder de Jesus que viveu e morreu acreditando no amor do Pai por Ele e por isto foi capaz de cumprir a sua missão em relação à humanidade.
Giuseppe Benaglio dizia “entrai na escola do coração de Jesus para aprender dele a santidade” Santa Teresa Verzeri insistia: “Estudai Jesus Cristo!” Mons. Speranza, discípulo de Benáglio, aconselhava as primeiras FSCJ: …”é preciso chegar a uma relação de intimidade, um viver coração a Coração com o Coração de Jesus”. Pela Espiritualidade assumimos um estilo de vida, um jeito de viver, um modo de estar no mundo. Damos um sentido especial à nossa vida. Pela espiritualidade cultivamos e fortalecemos a nossa força espiritual, ou seja, nossa é e a nossa própria vida. É a espiritualidade que dá sentido a tudo aquilo que fazemos, sonhamos e buscamos.
A espiritualidade nos torna dinâmicos, firmes na fé e perseverantes na missão. Enfim, a espiritualidade é aquele dinamismo, aquela força que nos leva a agir.